quarta-feira, 30 de maio de 2018

Morfina - 2006

Eu já estava decidido a não chegar ao próximo Natal!
Era novembro, 2006. as aulas acabando, as amizades do colégio também.

Tudo o que eu havia construído até então era uma apostila de iniciação de violão.
Não tinha planos, metas, vontades.
Tinha apenas a desilusão, lesões nos ombros, vontade de dormir por anos e só me levantar quando eu realmente me sentisse bem.

Seria tolice desistir de dizer as coisas que eu tanto queria que o mundo soubesse?
Eu tinha tanto à falar. Tanto pra explicar. Tanto pra aprender e ao mesmo tempo ensinar.
Tinha tanto o que desabafar.

Graças aos céus mais um mês ficou pra trás!
21/12/2006.A respiração ofegante após mais um show que mais parecia um exorcismo de todos os meus problemas já não me assustava mais.
Eu sentia que aquele era o grandioso fim de todo o meu esforço para me manter em pé!
Suas músicas me faziam bem. Mostravam uma direção. Mostravam o chão sob meus pés! Eram canções onde eu podia me apoiar!
Então cheguei em casa, bêbado, corpo dolorido, nariz sangrando, olhos marejados e com a vida em constante declínio.
Enquanto pagava o banho pós-passeio, as gotas do chuveiro me machucavam. Como se meu corpo tivesse sido queimado durante aquele show.

Medicina alternativa?
Talvez.

Me deitei, prendi a respiração e cobri a cabeça!
Vi que aquele não seria o fim.
Chamo isso de morfina!

Mais uma vez o fim foi adiado.

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