quinta-feira, 7 de junho de 2018

Pedra dormente

Voltando de mais uma das inúmeras consultas, um trânsito monstruoso daqueles que só existe em São Paulo. Era o início da noite mais longa do ano e eu não sabia o que esperar dos próximos minutos que seriam um divisor de águas na minha vida.

Eu estava tão bem. Preparado para tudo o que viesse de encontro a mim. Firme, forte, exalando astúcia e esbanjando coragem.


Nada mais me tiraria a paz. Nada mais me derrubaria. Havia destruído as correntes invisíveis que me prendiam ao fruto da minha imaginação que me remetia aos teus cabelos por entre meus dedos; você dentro do meu abraço; o cheiro de café perfumando o nosso ar. As promessas de que a partir dali tudo seria perfeito.


Alegre, cantando, sorrindo, não me importando com nada que pudesse me fazer mal.

Tudo corria bem até que o velho carma do outono, próximo ao 10 de junho de tantos anos atrás, voltou a acontecer.


Meu telefone tocou.
Eu atendi...
Me fodi...


Vai passar... Vai passar.

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